Existe amor em SP

São Paulo é uma cidade difícil, e quem vive aqui tem certeza disso, mas o lado bom da história é que ela nos inspira ainda mais a fazer da casa um refúgio, um lugar onde fechamos a porta e esquecemos a loucura lá fora. O apartamento da arquiteta Mariella Toscano e do designer Julio Zukerman, do coletivo Mulheres Barbadas, é assim: urbano por natureza, mas delicado de coração. Aqui, os universos dele e dela são um só.

Em um prédio no Jardim Paulistano, o apê parece ter o endereço perfeito, perto de tudo e ao mesmo tempo relativamente tranquilo. Mas o que conquistou o casal à primeira vista foram os 100m² e a idade do edifício, erguido entre as décadas de 50 e 60. Como era comum naquela época, os cômodos são divididos, mas compensam com a amplitude, o pé-direito alto e as aberturas generosas. Detalhes como esquadrias e pisos são bonitos por si só, então para enfatizar a arquitetura original a moradora preferiu manter todas as paredes brancas.

A mudança foi em 2008, mas a decoração ganhou forma aos poucos. Como na época Mariella morava com os pais e Julio alugava um imóvel já mobiliado, eles precisaram começar tudo do zero. “Eu já tinha em mente o sofá, a mesa de centro e a cama, que eram da loja Teto. A poltrona do quarto era da Mobília Contemporânea e foi herança dos meus avós. Depois vieram as estantes da sala e do escritório, que são da Tok Stok, e as cadeiras de Arne Jacobsen, compradas de um amigo que estava saindo do país. Enquanto não tínhamos mesa de jantar, a gente improvisou com a minha prancheta de madeira da faculdade”, conta a moradora.

Com muitos objetos interessantes para “rechear” os ambientes, o casal foi imprimindo personalidade em todo lugar, inclusive nas paredes. Obras de arte de diversas origens contam histórias da família e dos amigos. “O maior acervo que temos é da minha mãe, que é artista plástica, e todas as telas foram feitas nos anos 60 e 70. Na parede atrás da mesa de jantar o quadro do cisne é meu e os demais são de amigos artistas que fomos conhecendo e trocando. Em cima da cama a tela de madeira é minha, e ainda temos quadros do Julio atrás da poltrona e no escritório”, pontua Mariella.

Os espaços têm arte e móveis de design, mas tudo em versões acessíveis ou garimpadas. Uma das maiores pechinchas do casal foi a poltrona Soft Pad Alta, de Charles e Ray Eames, arrematada por R$ 100 em um estacionamento e reformada posteriormente. Cada cômodo é motivo de orgulho, e não só porque a decoração ficou linda, mas porque os móveis e hábitos do casal agora agregam também a sensibilidade dos autores de cada tela ou objeto.

Demais, não? Adorei!