Pecados Modernos – Preguiça, o pecado da inércia

Morro de preguiça. M-O-R-R-O.

Não de acordar cedo, de trabalhar ou de malhar, dessas coisas tenho só uma preguicinha inofensiva. Preguiça pesada tenho mesmo é das pessoas.

Rolo a timeline do facebook e os olhos dentro das órbitas. Suspiro. Sei bem o que essas pessoas são: reaças, coxinhas, machistas, homofóbicos, racistas, invejosos, gordofóbicos (sim, esse termo existe), feministas, inimigas, comunistas, golpistas, de direita, de esquerda, do centro, da frente, de trás e por aí vai. Seus rótulos estão estampados nas fotos de perfil e seus conteúdos nos posts compartilhados.

A Camila, por exemplo, é a favor do aborto, comunista e apoia a adoção por casais homossexuais. Já Alberto é evangélico, contra a pena de morte, de direita e forte defensor de que aparelho excretor não reproduz (tem certeza?). Esse outro, Júlio, é médico, faz trabalhos voluntários na África e insinua que a presidente é parente de nossas amigas leiteiras. A Marina sempre posta que essa semana Deus vai fazer um milagre na minha casa (cruzei os dedos para ser o fim da infiltração na parede do banheiro), mas estou esperando até agora. O Victor diz que os problemas sociais do mundo são oriundos da religião e que comer carne é assassinato. E a Amanda quer a legalização da maconha, menos corrupção e #maisamorporfavor.

Ai, que saco! Os chatos invadiram a internet.

Que saudade dos tempos de Orkut, quando o maior dilema de nossas vidas era “ativo ou desativo a opção de quem visualiza meu perfil?” Não havia timeline e ninguém se interessava com o que os outros estavam postando, e sim com o que escreviam no seu scrapbook. E não havia porradaria virtual, só testimonials de pessoas que te amavam do fundo do coração há uma semana.

Putz, post machista… será que comento? Me recuso, consciente de que assim que der o enter, pessoas que nem conheço vão marcar meu nome para dizer que estou de femimimismo ou me chamar de feminazi. Nossa, essa aqui quer a volta da ditadura… E esse que acha que tudo bem justificar corrupção com corrupção? O outro compartilhou um post racista e nem se ligou.

Chega, já deu, não vou mais me envolver nessas discussões. Afinal, o que ganho ao dar minha opinião além de uma enxurrada de comentários de ódio? Minha preguiça é maior que a vontade de mudar a opinião alheia, melhor deixar tudo do jeito que está.

Pelo bem da minha paz e do meu estômago, decido excluir todos que têm uma visão divergente da minha. Clico no botão desfazer amizade como quem aperta o controle remoto numa tarde de domingo. É um genocídio virtual e meu mouse a metralhadora (clic clic clic clic clic); a sensação de poder me inunda conforme vejo as pessoas caírem uma a uma, ciente de que nunca mais terei notícias suas e tampouco seus desejos de saúde e paz (e paz!) no meu aniversário.

Que alívio. Sobraram minha mãe, um amigo esquisito da faculdade que nunca posta nada e uma corretora de imóveis que nem conheço.

Oh God, olha a dona Joana compartilhando o post do Bolsonaro. Que decepção. Rodou também. Clic. Tchau mãe.

2 comentários COMENTE TAMBÉM

oi bia, oi pa, tenho muita preguiça tambem, nao se como sou do signo de virgem kk arrumar nao é comigo, sempre deixo para depois e se alguem faz deixo para o nunca kk amei o seu post pa, as pessoas realmente teem pensamentos diferentes e sempre discordam de algo entre si, sou a favor de viver a minha vida, respeito tudo e a todos, nao critico o q fulano faz, se nao me afetar nao me impoto, as consequencias serao totalmente dele… complicado ne pa D:
bia, pa, me conheçam tambem:
gilvaniaevans.com

Adorei o texto …
dá vontade de fazer um faxinão e não poupar nem tia, nem amigo do pai. hehehe

colecionadoras.com

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