Mentalização – preparando-se para as promessas de começo de ano

A filosofia do Yôga é conhecida por desenvolver as habilidades do praticante de forma integral. Como no primeiro post eu falei sobre os benefícios de algumas posições, dessa vez, eu acho que seria interessante falar um pouquinho sobre mentalização.

As técnicas de mentalização estão presentes durante toda a aula. Existem momentos em que o praticante apenas fecha os olhos e se concentra para criar imagens e outros momentos em que a mentalização entra como um suporte para as outras técnicas.

Gostaria de exemplificar de que forma o SwáSthya pode desenvolver essa habilidade no praticante.

O primeiro exemplo, e o mais utilizado para o iniciante, é durante a execução dos ásanas. Como o objetivo do praticante é permanecer o máximo de tempo na posição, esse tipo de treinamento é mais desafiante para a mente do que para o corpo. Muitas vezes o músculo tem força ou flexibilidade para permanecer, porém, se o praticante estiver disperso, com o pensamento em outro lugar, a prática se tornará muito difícil e muitas vezes até irritante. Então, para aumentar o foco do aluno, existem técnicas de mentalização que são utilizadas para que ele possa manter a mente focada no momento presente e também desenvolver a criatividade, a memória, enfim, as funções cerebrais. Uma das primeiras técnicas é ensinar o aluno a visualizar a região do corpo que está sendo mais solicitada na posição sendo completamente envolvida por partículas de cor alaranjada e criar a imagem dessa região do corpo fortalecida, alongada e saudável. Tudo isso, em primeiro momento com os olhos fechados. Para os alunos mais avançados, essas mentalizações podem ocorrer com os olhos abertos.

O segundo exemplo é durante o relaxamento. No finalzinho da aula, o aluno se deita para fazer a descontração. No caso do SwáSthya, normalmente ele é guiado a se descontrair totalmente mantendo-se lúcido e acordado. Uma das técnicas que eu mais utilizo nas aulas é a visualização de uma nuvem branca penetrando pelas plantas dos pés indo em direção cabeça promovendo uma profunda descontração por onde ela passa. Em seguida, nesse estado profundo de relaxamento, o aluno mentaliza algo bom e útil para a sua vida. Nesses instantes, mesmo sem perceber o aluno está mudando as suas atitudes inconscientes inundando a mente com pensamentos positivos.

No início, não é nada fácil. Alguns vão conseguir mentalizar facilmente a nuvem branca, porém terão dificuldades para visualizar as partículas alaranjadas brilhando no corpo. Isso é natural. O aprimoramento do processo da mentalização é algo que leva anos para acontecer.

Escolhi falar sobre esse tema agora pois quando começa o ano, naturalmente começamos a fazer planos e iniciamos um processo natural de mentalização visualizando, por exemplo, algo que queremos comprar, a viagem que gostaríamos de fazer, o relacionamento afetivo que queremos iniciar, uma habilidade que queremos conquistar… Enfim, esse é um processo natural. Algumas pessoas fazem uma lista, escrevendo tudo o que desejam, outras apenas pensam sobre o assunto, outras conversam e compartilham as suas ansiedades e medos, mas naturalmente, todos nós nos imaginamos muito melhores neste ano que se inicia.

Então, vamos aproveitar esse momento e mentalizar bastante, escolhendo de forma consciente tudo aquilo que queremos conquistar sem nos esquecer de agradecer por tudo aquilo que já somos e que temos, pelas pessoas que estão a nossa volta e tudo o que já conquistamos até este momento!

Desejo a você um Ano Novo repleto de felicidade. Termino o meu texto com um trecho de um poema de Drummond:

TEMPO…

“Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias,

a que se deu o nome de ano,

foi um indivíduo genial.

Industrializou a esperança

fazendo-a funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano

se cansar e entregar os pontos.

Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez

com outro número e outra vontade de acreditar

que daqui para adiante vai ser diferente…”

SwáSthya!