As book-clutches de Olympia Le-Tan

Quem me conhece sabe: sou apaixonada por livros. Não apenas pelas infinitas possibilidades que suas páginas me trazem, por todas as portas que me abrem e abrem em mim, mas também tenho por eles um “amor carnal”, adoro o livro como objeto, uma relação bastante física. 🙂

Há alguns anos, quando conheci o trabalho da designer franco-inglesa Olympia Le-Tan, fiquei arrebatada, difícil ver as suas book-clutches e ficar impassível.

Olympia é filha do Peter Le-Tan, um dos mais renomados ilustradores franceses. Seu pai também é um famoso colecionador, com interesse especial por livros. Tendo crescido rodeada por eles, não é surpresa que tenham se tornado uma forte referência para as suas criações. Já o talento para bordados, Olympia teria herdado de sua avó.

As coleções têm poucas peças, que são numeradas no verso. Cada bolsa é costurada e bordada à mão, com acabamento primoroso. Quatro das suas inspirações: as capas antiga de clássicos da literatura, as pin-ups como Betty Page, as ilustrações de seu pai e o estilo de sua avó.

Olympia nasceu em Londres e cresceu em Paris. Sua formação é invejável: estudou na ArtSchool e passou pela Chanel, trabalhando com Karl Lagerfeld. Depois, pela Balmain, trabalhando com Gilles Dufour.

Entre suas clientes, Natalie Portman, Michelle Williams, Tilda Swinton e Clémence Poésy que apostaram nas book-clutches de Olympia para passagens elogiadas pelo red carpet.

O diretor de cinema Spike Jonze também se encantou pelas bolsas de Olympia e pediu uma reprodução do clássico “The Catcher in the Rye“, de J. D. Salinger. Em troca, Olympia propôs que fizessem um curta juntos, o maravilhoso “Mourir Auprès de Toi” (“Morrer Ao Seu Lado”), que levou cerca de um ano e meio para ficar pronto, e mais de três mil peças de feltro, todas feitas à mão por ela, teriam sido utilizadas. O filme foi dirigido por Jonze e Simon Cahn, e tem roteiro da própria Olympia.

O stop motion foi ambientado na charmosa livraria “Shakespeare & Co“, em Paris (melhor cenário não poderia haver) e conta a história de dois personagens literários que se apaixonam. É lindo e divertido (aguarde pelos créditos finais), um dos meus curtas preferidos de todos os tempos (destaque também para a ótima trilha). Praticamente um “Toy Story” dos livros (tudo acontece à noite, quando a livraria está vazia e os livros saem para “brincar”).

Para saber mais sobre Olympia e Peter-Le Tan, leia o artigo “Like Father, Like Daughter”, publicado no NY Times em fevereiro de 2013.