Para entender os vinhos pontuados

Há quem diga que o melhor vinho é aquele que a gente gosta e, sejamos sinceros, desfrutar da bebida de Baco envolve muito mais elementos do que aqueles percebidos no balanço de pouco mais de 100 ml de líquido na taça. Um bom prato e companhia agradável fazem toda a diferença, tornam a experiência muito mais prazerosa e certamente contribuem para uma ótima lembrança daquele momento específico.

A despeito de todos os esforços aplicados em fazer da degustação um momento mágico, contar com uma boa indicação nunca é demais. Foi partindo desse princípio que, em 1959 surgiu a Wine Spectator, a maior e mais importante publicação de vinhos do mundo. Ao logo de quase 40 anos de história a revista acumula mais de 500 edições dedicadas em avaliar vinhos de diferentes regiões do planeta. Algo em torno de 300 mil rótulos!

No mesmo sentido surgiu a “The Wine Advocate”, periódico americano que leva a assinatura de Robert Parker, ex-advogado que há mais de 30 anos faz da análise de vinhos o seu meio de sustento. Valendo-se de dois dígitos Mister RP é capaz desde alavancar vendas de determinado rótulo até influenciar em preços de vinhos antes mesmo de saírem da vinícola. Atualmente a escala de 100 pontos desenvolvida por Parker é amplamente utilizada e até hoje serve como referência para a avaliação de vinhos pelo mundo.

Por aqui temos como principal representante o Guia Descorchados. Patricio Tapia é o jornalista chileno que está à frente da publicação, hoje considerada a mais respeitada da América Latina, e avalia vinhos do Chile, Argentina, Uruguai e Brasil.

É importante dizer que o método de avaliação por pontuação não indica quão delicioso é um vinho, já que esta análise é subjetiva e depende de gosto e preferência pessoal. Em vez disso, os vinhos são pontuados com base na qualidade de produção e tipicidade, ou seja, se atende às expectativas esperadas de determinada uva ou região.

Mas e o gosto dele, combina com o meu?

Os sistemas de pontuação ainda são confiáveis e servem como referência sim, apenas cuidado para não virar refém de vinhos acima de 90 pontos. A discussão sobre vinho e gastronomia está bem democrática e muitas vezes a opinião sobre o seu grupo de amigos e pessoas próximas tem mais valor do que a avaliação de um crítico que está a milhas de distância, avaliando vinhos que muitas vezes nem estão disponíveis em nosso mercado. Isto explica o sucesso dos blogs de gastronomia, já que aquilo que os especialistas buscam no vinho não é necessariamente o que o consumidor procura. Muitas vezes o que se quer é apenas a indicação de um vinho bom e barato para comer com a pizza, disponível no supermercado mais próximo. E só.

Para começar a se familiarizar com estas – ainda confiáveis – siglas selecionei vinhos bem agradáveis para você se divertir sendo o avaliador:

Flor D’Englora Rouge 2009 | ∗ 90 pontos Robert Parker (Imp. Grand Cru, R$ 51,75): Vinho tinto espanhol feito com 60% Garnacha, 35% Cariñena 2% Syrah e 1% Tempranillo, tem aromas de frutas negras e toque tostado proporcionado pelo estágio em barricas de carvalho. Médio corpo, tem final de boca longo e persistente.

– Tarima Orgânico 2012 | ∗ 90 pontos Robert Parker (Imp. Grand Cru, R$ 49,00): Também Espanhol, este tinto é feito com a uva Monastrell na região de Alicante, ainda pouco conhecida por aqui. Aromas intensos e agradáveis de morango e framboesa, tem corpo médio para encorpado e um final de boca persistente, ideal para acompanhar pratos mais intensos e saborosos. As uvas utilizadas na produção são de cultivo orgânico, ou seja, sem o uso de agrotóxicos e fertilizantes químicos.

Zorzal Terroir Único Malbec 2013  | ∗ 92 pontos Robert Parker (Imp. Grand Cru, R$ 55,00): Tinto elaborado com a uva Malbec pela Zorzal, vinícola em ascensão na Argentina. Aroma de frutas vermelhas com notas florais, tem excelente frescor e final de boca com agradável persistência. Ideal para acompanhar carne vermelha ao ponto, massas leves com carne e molho vermelho fresco, temperado com ervas finas.

Urban Cabernet Sauvignon 2010 | ∗ 90 pontos Robert Parker (Imp. Vinci, R$ 52,44): Vinho chileno elaborados no Chile pelo grande O Fournier. Produzido no ótimo Vale de Maule, é um vinho de excepcional relação qualidade/preço. Segundo a crítica de vinhos Jancis Robinson, ele é “muito muito muito mais complexo e sutil do que a maioria dos vinhos [chilenos]. Este 100% Cabernet Sauvignon Permanece 03 meses em barricas de carvalho francês.Excelente achado.

La Joya Gran Reserva Syrah 2012 | 90 pontos Wine Spectator (Imp. World Wine, R$ 54,00): Os vinhos da chilena Bisquertt são muito premiados e este Syrah destaca-se pelo perfeito equilíbrio no paladar. Aromas de frutas negras maduras, especiarias e notas de café, é macio na boca e acompanha bem carnes vermelhas defumadas e cortes de cordeiro, como costeletas, carré e paleta.