Um Ano Sabático – Parte VII

Colle Val d’Elsa, a Itália é uma farra

Das poucas coisas que li a respeito de Colle, guardei bem essa: ao chegar não se deixe levar pela primeira impressão. É fato. Quando você chega não tem nada assim… atrativo. Parece até meio sem graça. Mas aí você começa a caminhar e a borboleta resolve pousar na sua perna. Aí você caminha mais um pouquinho e encontra uma loja fofa que vende… coisas fofas, entre elas, “sapos príncipes” de murano (aiaiai minha mala). Você continua em frente e então se depara com um túnel. É, um túnel. E a luz no fim do túnel é um elevador que irá levar você para verdadeira Colle Val D’Elsa. Láááá no alto e com uma vista de tirar o fôlego, onde certamente você vai querer fazer sua primeira pausa para as fotos.

Você começa então a explorar a cidade e descobre que só tem você e alguns poucos turistas que chegaram lá como você, ou… de moto e até de bicicleta. A cidade parece muito quieta, mas na verdade você descobre que a cidade toda está muito ocupada se preparando para uma festa: uma festa medieval! E aí você tem a certeza que a Itália é mesmo uma farra.

A cidade se estende como uma longa faixa de terra toda murada. Quando termina, ou começa, tem uma grande entrada, como um pequeno castelo. Caminhando ao lado da muralha, você avista paisagens lindas e cenas surpreendentes – como uma noiva produzindo seu making off; ou um casal, que tinha acabado de se casar, passeando pela rua. Entre um spritz, um gelato (que foi o melhor da Toscana!) e as pausas para fotografar a bela Colle, pessoas circulavam. Eu já não sabia mais se elas estavam vestidas a caráter para festa ou se elas se vestiam originalmente daquele jeito.

Barracas de doces, de temperos, de chás, do papiro, da cigana, das joias e antiguidades, trovadores, personagens do renascimento e até a representação da peste (!) em meio ao ensaio da apresentação que aconteceria sobre a tomada, ou resistência da cidade, faziam festa em Colle.

O dia em Colle passou rápido demais. Se eu pudesse me dividir em duas metade iria para Siena e metade ficaria em Colle. Mas eu havia sido convidada pela Bia para o “jantar de pré-casamento” então seguimos juntas em tempo de nos arrumar para o jantar.

A vida é feita de encontros. Eu pensava que não conhecia ninguém além da Bia, mas bastou chegarmos no restaurante na Piazza Del Campo para encontrar, no mesmo evento, um amigo e uma amiga queridos. Ao acaso. E ainda, acabei sentando na mesma mesa com um conhecido de São Paulo e um casal divertidíssimo. E assim fez-se um novo encontro de pessoas na mesma sinergia (ou com a mesma energia). Para mim, que estou acostumada a viajar sozinha, e gosto, quando isso acontece é um presente e a viagem rapidamente toma outra dimensão – a de que a felicidade é melhor quando compartilhada. Meu desejo de viagem estava se realizando: eu estava me divertindo, e muito.

No dia seguinte, o dia do casamento, foi quando me dei conta que além da farra, estava vivendo a primavera no hemisfério norte na sua perfeita representação: do florescer e acasalar; me refiro ao sentido figurado, mas é fato. Eu já tinha sido surpreendida por um casamento em Florença. No dia anterior, dois casamentos em Colle. E estava indo a um casamento. Embora eu não estivesse alimentando qualquer expectativa nesse sentido, claro, quem gosta de amor está sempre a procura do amor, ou atrai o amor. Acredita nele. Eu não queria pensar nisso, porque além de tudo que eu já havia passado, estava também tentando esquecer uma (longa) história de amor. Mas essa é outra história…

E então fui ao casamento, que foi belíssimo e muito alegre e me diverti com os amigos do presente, do passado, e talvez, do futuro.

Mesmo estando lá sozinha, sem um amor pra chamar de meu, entendi… Naquela Siena dourada, das andorinhas, do arco-íris, dos sabores e aromas, dos vinhos, das festas, das pessoas que ultrapassam as fronteiras para viver em um lugar melhor,  dos castelos e muralhas, dos vasinhos nas paredes e nas janelas, eu estava em um ambiente de amor – de casais, ou não casais, de amigos, de familiares, turistas e aventureiros. De corações esperançosos e tranquilos. E fiquei com isso. Há muitas formas de amar e ser amado. O importante é se entregar a elas e vivê-las na sua plenitude. Lembrei do filme “O casamento do meu melhor amigo” (My Best Friend’s Wedding) quando o personagem de Rupert Everett, na cena final do filme, diz para Julia Roberts algo mais ou menos assim: pode não haver casamentos, pode não haver sexo (!), mas sempre haverá música e dança.

4 comentários COMENTE TAMBÉM

Lindo, Kareen. Cada vez que leio seus textos gosto mais.
Soh posso desejar que voce seja muito feliz.

Oi Adrianne!!!! Obrigaa queridona! Que todos nós sejamos felizes 😉 bjs

Oi Kareen!
Estou atrasada na leitura dos seus textos, mas vou lendo um por dia de propósito, para durar mais! rsr.
Acho muito legal que conforme você vai contando esse ano sabático, vai falando mais sobre você e deixando a história mais pessoal ainda – apesar dela ser toda sobre você e a sua própria história. hahaha
Ah! Adorei sua referência ao casamento do meu melhor amigo, é um dos meus filmes preferidos!!
Um beijo!

Oi Giuliana! Que legal! Eu também gosto de ler e reler os posts quando alguém comenta… Acabo curtindo eles de novo hahaha
beijos e até o próximo

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